domingo, 31 de dezembro de 2006

Boas Entradas. Bom 2007

Votos dos
Reitor, Inspectora Geral e Director-Geral

Dois socialistas; duas asneiras

O socialista ZAPATERO, ao arrepio de qualquer senso político, contrariando todos os princípios básicos de combate ao terrorismo e invertendo a política coerente e firme que vinha sendo seguida pelos governos de Asnar (que, em cerca de 7 anos, isolou política e militarmente a ETA, reduzindo-a a um insignificante grupo terrorista), Zapatero, dizia eu, mal tomou posse, iniciou contactos e conversações com a ETA para acabar com o terrorismo em Espanha. Zapatero tentou e conseguiu "dialogar" com a ETA; tentou e conseguiu que o Parlamento Espanhol, em Maio passado, aprovasse as tréguas propostas pela ETA e autorizasse o Governo a dialogar com os terroristas que, desde 3 de Março deste ano, não recorriam a actos violentos.
Asnar tinha avisado: nenhum estado democrático e livre dialoga com terroristas.
Zapatero, um verdadeiro socialista, dialogou e, agora, apareceu em conferência de imprensa, ...con semblante muy serio, para asegurar que había ordenado “suspender todas las iniciativas para desarrollar el diálogo.

O outro socialista, este de pacotilha, é o nosso Sócrates.
Foi um dos líderes europeus que se mostrou totalmente contrário à execução de Saddam Hussein. Porque, dizia a jornalista da RTP, a nenhum ser humano deve ser aplicada a pena de morte. Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a pena de morte e Saddam não deveria ter sido condenado à morte.
Pois é Eng. Sócrates. A nenhum? Nem mesmo àqueles seres humanos que ainda estão em desenvolvimento?
É que se não estou em erro, V. Exa. é a favor de que não se considere crime o aborto realizado por livre vontade da mulher, do ser humano que se desenvole no seu útero, desde que tenha dez semanas ou menos de desenvolvimento!
Sócrates, um socialista brando, acha errado um criminoso genocída ser condenado à morte e não acha estranho que os portugueses disponibilizem os seus impostos e o sistema nacional de saúde português disponibilize os meios (que deviam estar ao serviço da vida) para "interromper" a vida de seres humanos saudáveis em desenvolvimento. Ah soclialista!

"Ninguém cientificamente honesto pode negar ser [o aborto] a morte deliberada de seres humanos em desenvolvimento". Gentil Martins, "Público", 21 /12/2006.

Reitor

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

É muito bem feito

Estes três governantes (pessoas que nos governam; pessoas a quem, tacitamente, autorizamos que gastem o dinheiro dos nossos impostos em favor da comunidade) tiveram uma brilhante ideia no ano passado, que se materializou num Despacho publicado em 12 de Agosto de 2005: obrigaram os professores a dar mais aulas por semana do que aquelas que a lei os obrigava (aulas de substituição).
Alguns professores, percebendo que o Ministério da Educação queria fazer poupança à custa do seu suor, pediram que lhes fossem pagas horas extraordinárias. Nada mais natural, pensarão os nossos leitores. Se o ME quer que os propfessores trabalhem mais horas, hão-de ganhar mais.
Pois, se assim devia ser, assim o não entendeu a Ministra. E deu ordens para não se pagar nem mais um cêntimo àqueles que, para além, das aulas marcadas no seu horário ainda davam aulas de substituição.
Em vários pontos do país surgiram queixas dos professores reclamando o pagamento de horas extra, como aliás, estava previsto na lei.
Tira boi, tira vaca e o ME ...nada. Manteve-se firme em não pagar horas extraordinárias aos professores.
Veio agora no "Público" notícia do desfecho de dois processos em Tribunal Administrativo, os quais dão razão aos professores: o ME vai ter de lhes pagar as aulas de substituição como horas extraordinárias.
Caso se verifiquem mais três acordãos idênticos, todos os professores espoliados pela teimosia e pela arbitrariedade deste comité ministerial, poderão reclamar o pagamento de milhares de horas extraordinárias. É muito bem feito.
Vai-lhes acontecer como com a história da repetição dos exames. Permitiram que apenas alguns alunos repetissem os exames que lhes tinham corrido mal e, agora, a mando dos tribunais, têm de permitir que os restantes façam novos exames.
Um governante com vergonha na cara saberia muito bem o que fazer nestes casos...
Da minha parte espero, sinceramente, que a senhora Ministra Maria de Lurdes Rodrigues e os senhores Secretários de Estado, Valter “Reprovado por Faltas” Lemos e Jorge“Sinistro” Pedreira não se demitam... per ora.
Aguardem com serenidade que surjam mais três acórdãos idênticos aos dois que hoje vêm relatados no "Público".
Governante que se preze está sereno e é paciente.

O meu contributo a favor da vida:
"Ninguém cientificamente honesto pode negar ser [o aborto] a morte deliberada de seres humanos em desenvolvimento". Gentil Martins, "Público", 21 /12/2006.
Reitor

sábado, 16 de dezembro de 2006

Escola Quinta das Palmeiras

Comojá repararam, o nosso governo é especialista em criar Grupos de Trabalho e Unidades de Missão. Estes nomes pomposos e grandiloquentes foram, durante o reinado do malfadado Guterres, os alfobres de boys e girls que espigaram pela função pública como junça na primavera. Hoje, com o governo Sócrates e embora o socialismo esteja lá, ainda lhe dou o benefício da dúvida.
Por estes dias estive a ver o trabalho de um desses grupos de trabalho. Melhor: estive a ler os relatórios do "piloto" (esta designação não é socialista de certeza. Falta-lhe a grandiloquência e o pedigree característico dos grandes intelectuais de esquerda) do Grupo de Trabalho de Avaliação das Escolas.
Li-os todos. E li também os "contraditórios" (vai aspada porque alguns contraditórios são assim tipo "prosditórios"). Leitura que recomendo.
Ora bem, por onde começar?
Começo por dizer que a escola que obteve melhor nota foi a Secundária Quinta das Palmeiras da Covilhã. Teve Muito Bom em todos os parâmetros.
Visitei a sua homepage e fiquei agradavelmente surpreendido pelo toque "empresarial" da escola: têm dossier de imprensa, lista de patrocínios, consulta de opinião e mais algumas marcas gestionárias da moda, como por exemplo as reportagens de valorização da escola. Ou da empresa?
Outra surpresa agradável foi ver a quantidade de funcionários da secretaria que possuem licenciatura. É notável e, provavelmente, um dos factores que justificam, também, estas classificações (curiosamente, os avaliadores não deram qualquer importância a este facto).
Outra nota positiva é o gosto dos alunos pela sua escola, muito referido no relatório: quando os alunos gostam da sua escola, está meio caminho andado.
Do relatório também ressalta que a escola e quem a dirige têm um projecto de vincada intencionalidade, o que é raro e positivo.
Durante a leitura e as pesquisas que fiz, ficaram duas outras impressões curiosas: uma delas resultou do facto de ainda hoje não saber quem dirige a escola: não há director, nem conselho executivo, nem reitor, nada. Só há nomes do pessoal administrativo. O chefe chama-se Dr. Fernando Manuel Pina Ferreira e está de parabéns. Estranho, não é?
O outro facto estranho e fortuito concerteza, prende-se com a localização da escola: fica na Covilhã, na terra onde este senhor é membro da Assembleia Municipal. Curioso, apenas.
Reitor

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Parabéns Portugal!

Portugal mantém o 26º lugar no índice de percepção da corrupção mundial!? Fico contente e ligeiramente apreensivo com a posição que ocupamos e... fico também com a sensação de que se trata mesmo de uma percepção, sinto eu.
Reitor

sábado, 21 de outubro de 2006

Read my lips

Programa do Partido Socialista
Quanto às SCUT, deverão permanecer como vias sem portagem enquanto se mantiverem as condições que justificaram, em nome da coesão nacional e territorial, a sua implementação, quer no que se refere aos indicadores de desenvolvimento sócio-económico das regiões em causa, quer no que diz respeito as alternativas de oferta no sistema rodoviário.

Palavras de Mário "ex-comunista" Lino, Ministro
A introdução de portagens em três auto-estradas sem custos para o utilizador (Scut), vai poupar ao Estado cem milhões de euros por ano. A imposição de portagens nas Scut do Norte Litoral faz parte do modelo de gestão e financiamento das infra-estruturas rodoviárias que o Governo quer apresentar até ao fim do ano.
E, para a semana serão criados os 150.000 empregos que José Sócrates prometeu na campanha eleitoral. Verdade!
Reitor

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Mais Autonomia - II


Ora aí está mais um exemplo (neste caso, exemplar mesmo) de como a adminstração educativa "vê" a autonomia das escolas. Já calculava que o Gabinete de Gestão Financeira do ME, esse pai de todos os desperdícios, cego surdo e mudo à diferença e à identidade de qualquer escola, faria orelhas moucas às palavras de qualquer Ministra da Educação. De hoje ou de ontem.
Informam-se as escolas que, considerando que a utilização dos cacifos se
destina a evitar que os alunos tenham de, diariamente, transportar material
escolar e que não existe enquadramento legal para a cobrança de quaisquer
importâncias aos alunos, não se justifica a cobrança de qualquer montante no
caso vertente.

Podem os ministros falar em autonomia, podem ser publicadas leis, podem as escolas reclamar por mais... Não virá nada, a não ser competências vazias de conteúdo e poderes fáticos.
Haverá sempre, literalmente, o Dr. Edmundo Gomes a lembrar esses serviços educativos periféricos, que não sabem fazer mais nada senão garantir que as crianças e jovens estão ocupados enquanto os pais labutam, que quanto ao dinheirinho, ele é que sabe. O G.G.F. é que manda.
Alguma vez este mastodonte (o GGF, claro) iria aceitar que uma escola gerisse com autonomia o seu orçamento? Ou que pudesse ter liberdade para colher a justa retribuição pelos serviços que presta à comunidade? Claro que não.
Nunca em caso algum se poderá falar em autonomia das escolas se as mesmas não tiverem, sequer, competência para alugar os seus equipamentos e instalações.
Tristes e ridículas estas orientações do G.G.F.. Muito mais agora que tanto se fala de autonomia.
Pelo menos ficámos a saber que as escolas portuguesas estão impedidas de alugar cacifos aos alunos. Já sabíamos que algumas nem sequer verba têm para o papel higiénico que gastam. E que o mesmo é fornecido aos alunos a conta-gotas e após pedido prévio.
Grande país este e grande autonomia esta a das escolas.
Reitor

Autonomia - I

Ultimamente tem-se falado mais do que o costume em autonomia das escolas.
As palavras do Governo também têm sido favoráveis a uma maior autonomia das escolas: No Parlamento, Maria de Lurdes Rodrigues reiterou que a autonomia e a avaliação «são instrumentos de gestão que devem servir para melhorar o sistema de ensino e os resultados escolares dos alunos».
Pois bem. Mas...
Quem passa por aqui pode ver de que autonomia se fala.
Para este governo a autonomia parece passar por mais burocracia e por re-centralização: Uma escola que pretenda aditar uma hora lectiva (para apoio, por exemplo) a um professor contratado com horário incompleto, tem de submeter uma proposta ao governo, via direcção regional, instruindo-a com blá, blá, blá... Ou seja, um processo que até agora era simples e era resolvido na periferia da administração, pela escola, vai passar a ser um calvário, da escola até ao governo.
Reitor

domingo, 15 de outubro de 2006

De onde saiu esta?

Ao folhear o JN de hoje fiquei deveras, sim deveras, surpreendido com a acutilante intervenção da Sra. Directora Regional de Educação do Norte (DREN).
Ia a dita senhora perorando umas vacuidades sobre o insucesso escolar, as suas causas e consequências, quando, à laia de golpe de estilete lança esta pérola: “Estamos no início do século XXI e ainda temos muita herança do tempo do Estado Novo…Marcas que se reflectem nos 15% dos jovens que não terminaram a escolaridade obrigatória e em 50% de jovens que não completaram o 12.º ano”.
Leio, releio e não acredito em tamanha desfaçatez. Com que então, 32 anos depois do 25 de Abril, os filhos daqueles que eram crianças então, ainda sofrem as consequências do Estado Novo? E a responsabilidade dos políticos que nos têm governado? E a dos Directores Gerais e Regionais? Nada?
Esta Directora é fina. E merece o que ganha: ao relegar as culpas do insucesso escolar de hoje no regime de antes de 1974, não só afasta as responsabilidades deste governo, como de todos os governos do pós 25 de Abril. Assim como ficam afastadas, desde já, as suas próprias responsabilidades.
Voilá. Está aqui a resposta àqueles que não encontravam razões para a nomeação desta girl socialista, afilhada política de Augusto Santos Silva, para este cargo.
Faz-se uma busca no Google sobre Margarida Moreira e…nada. Não se lhe conhece uma ideia, um estudo, um projecto sobre e para a educação dos portugueses, excepto que o Estado Novo é o responsável pelo elevado insucesso escolar em 2006. Cabecinha pensadora!
Mas não ficamos por aqui. A Sra. DREN perorou mais um bocadito e …nova minhoca: Segundo a senhora, os regimes comunistas do Leste da Europa é que eram bons para o sucesso escolar. Ora vejam o que diz sobre os jovens do leste a estudar nas nossas escolas: “são os alunos que os professores mais gostam porque têm respeito e cultura pela escola”. E “Os miúdos de Leste conseguem aprender a nossa língua de forma fantástica, com os mesmos professores e as mesmas escolas. Temos aqui, portanto, um problema cultural da sociedade”. Uma pinga à saúde desta Directora Regional!
É Sra. DREN. É um problema de sociedade, de ascensão social: em Portugal não se percebe como é que alguns ascendem a lugares de responsabilidade. Poderíamos até dizer que, em Portugal, o insucesso escolar tem sido muitas vezes sinónimo de sucesso político, não é verdade, senhora directora?
A Bem da Educação!
Reitor

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Aulas de Substituição

Este governo iniciou no ano passado uma nova forma de ocupar os tempos em que os alunos não têm aulas por falta dos respectivos professores. Chamou-lhe "Ocupação Plena dos Tempos Escolares" (OPTE). Os professores e os alunos chamam-lhe, simples e acertadamente, "Aulas de Substituição".
A linha de hipocrisia que tem conduzido a política educativa deste governo, cujos expoentes máximos são os secretários de estado Valter “Reprovado por Faltas” Lemos e Jorge“Sinistro” Pedreira, fica mais uma vez vincada neste acrónimo OPTE. Ao contrário do que sugere, não há opção possível, mas sim obrigação total. Mesmo para os alunos maiores que são obrigados a frequentá-las.
As aulas de substituição parecem-me uma medida adequada e útil para os alunos do Ensino Básico. A sua formação e a sua educação repousam muito sobre a escola e os professores. Na ausência dos pais e do professor, será útil que estes alunos fiquem aos cuidados de um adulto, especialmente de um professor que, não podendo leccionar a disciplina/conteúdos previstos, os possa orientar e acompanhar noutras actividades de carácter lúdico-pedagógico. Parece-me uma ideia adequada e sensata.
O mesmo não penso das aulas de substituição aos alunos do Ensino Secundário, excepto no caso de o substituto ser professor da mesma disciplina do professor que está a faltar e a aula servir para se continuar com a matéria que seria dada pelo professor em falta.
Ao contrário do que pensa o governo e, note-se, o discurso político gira sempre em torno aluno - o aluno do Ensino Secundário pode não beneficiar com uma aula de substiutição que é dada por um professor de outra disciplina.
Quantos alunos do Ensino Secundário não ganhariam muito mais se, na falta do professor de uma disciplina, ao invés de estarem na sala de aula a ouvir (se é que o fazem) um professor que não conhecem, a dizer umas coisa sem interesse, pudessem continuar o trabalho de investigação que estão a desenvolver, ou fazer uma pesquisa, ou estudar para o teste de amanhã, ou simplesmente, ler...
É que, ao contrário do que pensam os iluminados governantes socialistas (alguns ex-CDS, enfim), os alunos do Ensino Secundário, especialmente aqueles que são maiores de idade, sabem melhor que o governo e que os professores aquilo que querem.
Reitor

domingo, 8 de outubro de 2006

Escândalo

Mais uma cavadela do governo socialista...
Há já mais de cem cidadãos portugueses a frequentar universidades portuguesas sem terem concluído o 12º Ano. Alguns deles nem o 9º.
Se não fosse trágico, seria para rir, assim só podemos chorar.
No semanário SOL lê-se e não se acredita...
Como é possível que alguns portugueses possam entrar na universidade sem terem o 12ºAno?
A partir de agora, veremos nos anúncios de procura de emprego as seguintes frases:
"Procura-se licenciado com o 12º ano".
Ou então
:
"Procura-se licenciado com o 2º ciclo concluído"
Que quer o governo?
Desprestigiar o ensino superior? Desprestigiar aqueles que lutaram por tirar um curso superior? Pôr o país a ridículo?
Se juntarmos esta medida àquela que foi aprovada pela Assembleia da República (Lei nº 23/2006 de 23 de Junho) e que permite que as crianças dos jardim-de infância possam criar associações de estudantes, a conclusão é só uma:
Na educação, Portugal vai de vitória em vitória até ...à derrota final.
Reitor

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Quoque tu Meneses

Um dos mais ilustres autarcas da região norte (e dos mais devedores também), o sentimental Luís Filipe Meneses, Presidente de da Câmara Municipal de V.N. de Gaia teve uma brilhante ideia: ...que sejam dados às autarquias os meios próprios para a profissionalização e efectivação de professores.
Em português corrente, que sejam as Câmaras a colocar professores, a dizer-lhes como ensinar e ...bico calado.
Espere um pouco Meneses que os professores vão deixar que os Menezes, os Motas, os Jardins, os Almeidas, os Solheiros e toda essa tropa fandanga, que tem vindo a pôr o país à beira da miséria e hipotecado as gerações futuras, vão trocar o estatuto de funcionários públicos pelo de funcionários camarários.
Vossemecê passa-se?
Reitor

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Mentirosa não. Pantomineira seria mais bonito.

De acordo com a TSF, o Presidente da Câmara de Sernancelhe apodou a Directora Regional de mentirosa e exige a sua demissão.
Exagero Dr. José Cardoso.
Dissesse que a Directora Regional fuma desalmadamente e obteria consenso.
Que percebe pouco de educação, presumivelmente, uma vez que não se lhe conhece uma única ideia sobre o assunto.
Que tem um aspecto indiciador de não tocar piano nem falar francês, digamos assim, também não sofreria contestação.
Que age, apenas e só, como uma comissária política, não duvidaria.
Agora, dizer que a senhora é mentirosa, Dr. José Cardoso, é um exagero para além de uma indisfarçável descortesia. É como se lhe tivesse chamado intrujona. Ficou-lhe mal, como cavalheiro e como político
Dissesse V. Exa. que a Senhora Directora Regional não fora exacta nas suas asserções ou, até, que se enganara redondamente, e eu não contestaria.
Claro que, cá entre nós, V. Exa. também não engana ninguém.
Com que então, só depois três dias de a senhora Directora pôr a boca no trombone, literalmente, é que vossemecê veio dizer que havia instalações para acolher as crianças. Os funcionários da Câmara vão receber horas extras pelos trabalhos durante o fim-de-semana, hem?
Reitor

domingo, 1 de outubro de 2006

Debata-se, pois.

Esta a decorrer um debate nacional sobre educação, promovido pela Assembleia da República e pelo Governo e organizado pelo Conselho Nacional de Educação.
A questão que estrutura todo o debate é a seguinte:
Pela parte que me toca, proponho:
1 - Que se leia o Manifesto para a Educação da República.
2 - Que se leiam os escritos de Guilherme Valente, Carlos Fiolhais e Nuno Crato sobre Educação.
3 - Que se demitam todas as chefias, coordenações intermédias e de cúpula da Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, a mãe de todas as asneiras.
4 - Que as Direcções Regionais de Educação sejam esvaziadas de todas as competências de "gestão das escolas" e se dediquem, "apenas", à manuetnção dos equipamentos escolares, produção de estudos e estatísticas de âmbito regional, resolução de conflitos; resolução de recursos/reclamações, funções gerais de acompanhamento, validação de processos, controle de custos, uniformização de procedimentos e avaliação das escolas.
5 -Nesta linha, proponho a redução em 60% do pessoal que trabalha, actualmente, em cada Direcção Regional, em cada nível de decisão - na sua maioria em resultado de nomeação política ou cunha.
6 - A responsabilização/distinção pessoal de cada funcionário/agente pelas funções que exerce: pelos resultados obtidos e pela qualidade do trabalho realizado.
7 - A responsabilização efectiva de pais e alunos pelo comportamento destes na escola.
8 - Uma maior correlação das faltas dadas ao serviço com o vencimento.
9 - a devolução às escolas, melhor, à direção das escolas da capacidade para avaliar os seus funcionários, todos eles.
10 - A transferência para a direcção das escolas da capacidade para, anualmente, poder exonerar e/ou admitir 5% do seu pessoal.
11 - A atribuição à direcção das escolas (formada maioritariamente por pais) da competência exclusiva para admitir/demitir o (s) responsável (veis) pela gestão diária.
12 - A devolução aos pais da LIBERDADE para escolher a escola dos filhos

Eis algumas ideias que poderão melhorar a Educação nos próximos anos. Nada que qualquer português com mediana inteligência e juízo quanto baste não saiba há muito tempo.

Reitor

domingo, 24 de setembro de 2006

Em terra de cegos...

Por aqui se ficou a saber que o ME disponibilizou às Câmaras Municipais €250/aluno/ano para as actividades de "enriquecimento curricular", verba que incluía uma estimativa de €15 euros/hora para pagamento dos professsores a contratar para essas actividades.
As Câmaras Municipais, essas instituições “democráticas” que prosseguem o bem público e exercem a sua actividade no respeito pelo pricípio da legalidade estão, alguma delas, a pagar €5 (cinco) euros/hora ao professor de Inglês que ensina os alunos, depois de terminadas as aulas - "escola a tempo inteiro" dizem os pedabobos - explorando aqueles que o estado já havia enganado induzindo-os (ou, na melhor das hipóteses, não os alertando como seria sua obrigação) a tirar um curso superior para o desemprego.
E os 10 euros que estas instituições locais - principal conquista de Abril, dizem os que estão há mais de 30 anos a beneficiar do caciquismo local - põem ao bolso por cada aluno servem para quê?
Para três coisas, consoante o "eleito local": 1º - para financiamentos terceiro-mundistas (futebol, passeios de 3ª idade e passeios da juventude) ; 2º - para finaciamentos particulares; 3º - para caçar votos e tornar os cidadãos subsídio-dependentes, como acontece com as refeições escolares. Cada Direcção Regional de Educação financia com mais de 30 euros mês/aluno as Câmaras Municipais (e não as famílias e os alunos, como deveria ser) a título de comparticipação nas refeições dos alunos do 1º ciclo. Estas instituições "exemplo" ao invés de comparticipar as refeições de todos os alunos fazem uma gestão das comparticipações de acordo com as dificuldades económicas das famílias - avaliadas pelos serviços camarários e pelas Juntas de Freguesia. Ou seja, avaliadas políticamente. Resumindo: as Câmaras "desviam" parte do subsídio atribuido pelo estado, o qual nunca chegará a comparticipar as refeições dos alunos filhos de pais "ricos", para fazerem política sócio-eleitoral: pagam a totalidade da refeição e outras despesas aos alunos "mais carenciados".
É por estas e por outras que já não me admiro que haja 2.5 milhões que querem mudar.
Reitor

sábado, 23 de setembro de 2006

Zangada … também com os professores

Continuo zangada. Zangada com os professores. Sim esses que a Sra. Ministra resolveu fustigar, perseguir, acossar, responsabilizando-os por toda a desgraça.
Ora quanto a mim, se não são os mafarricos que se pintam, também não são uns coitadinhos!
Os professores não se podem demitir das suas responsabilidades em todo este decurso clamoroso, esconder a cabeça na areia como a avestruz e vestir a capa da vítima à espera da compaixão da opinião pública.
A classe docente pecou, e tem hoje, e antes que seja tarde, de fazer o seu mea culpa.
Pecou por ter pactuado ao longo destes anos com políticas educativas erradas. Pecou por ter cedido aos modernismos do pedagogês, em detrimento do que é verdadeiramente importante e papel da escola: ensinar bem, formar cidadãos activos e disciplinados, avaliar com justiça e equidade, fomentar os valores do trabalho e do mérito, premiar o esforço e o empenho.
Pecou por não ter sido capaz de resistir aos sucessivos “atentados” que foram cometidos nos programas, no sistema de avaliação dos alunos, nas reformas curriculares.
Porque era a eles a quem competia fazê-lo! Eles que são os especialistas em educação, com formação adequada, eles que trabalham no terreno, que têm de executar as reformas de pacotilha, de cumprir os programas, de trabalhar com os alunos e com as famílias …
E, pasme-se, nada fizeram!
Falar dos assuntos até falaram, maldizer da sua vida até maldisseram e quanto! Mas foi sempre intra muros, numa sala de professores qualquer, entre a bica bebida à pressa e o relatório da aula de apoio que é preciso colocar no dossier do DT. Carpiram em conjunto as suas mágoas, desabafaram, criticaram as reformas mas de forma tímida, quase encoberta, cheios de boa vontade para ver onde é que isto ia parar, quando cedo perceberam que o rumo a seguir não podia ser aquele …
Mas nada fizeram!
Por isso estou zangada com os professores. Estou zangada comigo!!
Quando ouço a Sra. Ministra “gabar” os professores, a sua “excelência” e “dedicação”, a sua carolice, o seu empenho … fico zangada!
Fico zangada porque se os professores, em tempos idos ou no passado mais recente, fossem menos “obedientes”, menos “dedicados”, menos “excelentes” e menos preocupados com os seus alunos ou com a imagem que sobre eles tem a opinião mediatizada, então talvez já se estivesse a trabalhar nas reformas que se impõem e de que o país precisa com a maior urgência!
Porque afinal, e desculpem-me o popular adágio, quem percebe da poda é que deve vindimar!

Inspectora Geral

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

' tou zangada!

Há vários dias que me debato com a indecisão de escrever sobre Educação e participar neste fórum. E se, por um lado, não é a matéria que falta - o que só dificulta a tarefa de ter de optar por um ou outro tema candente, por outro, invade-me o receio de resvalar na “ignomínia da má-língua do código pasquim”. E isto porque estou ZANGADA!
Sim, zangada … com o meu país, com a “inadjectivável” (desculpem-me o neologismo) classe política que o governa ou que se opõe ao exercício da governação na esperança de, numa qualquer eleição próxima, ocupar o benfazejo poleiro, zangada também, e claro está, com a Ministra da Educação.
Quanto ao meu país, sinto-me uma filha maltratada e desprezada. Sempre que sobre ele me debruço, sinto as lágrimas subirem-me ao cais e cresce-me aquela bola na garganta … Neste momento, por mais que ame o meu país e tenha orgulho de ser quem sou, portuguesa, só me apetece chorar perante o estado da nação e a sua incapacidade de sair do marasmo onde a cada dia que passa se afunda um pouco mais.
Com a classe política a minha zanga é mais racional e muito menos emocional; apenas constato: morreram definitivamente a causa pública, a noção de Serviço público! Vemos periodicamente um bailinho de cadeiras por esses gabinetes ministeriais onde grassa a incompetência, onde o que importa é ter o cartão do partido e não as qualidades e a experiência que devem possuir aqueles a quem compete mandar e decidir dos destinos alheios, e eis o busílis da questão!
Sobre Maria de Lurdes Rodrigues imploro a vossa paciência e comiseração, mas terei de me alongar um pouco mais neste post …
A Sra. Ministra da Educação iniciou o seu mandato atestada da prepotente convicção que encontraria as terapêuticas ajustadas para todos os males da educação nacional, envers et contre tous. À boa maneira dos sociólogos que tudo sabem, tudo analisam e a todos imputam culpas e responsabilidades… mas nunca são parte da solução!
A Sra. Ministra não percebeu que os problemas da educação são complexos, enraizados e estruturais, e se devem essencialmente à inexistência, neste país à beira mar plantado, de uma verdadeira Política Educativa coesa, coerente e consistente.
Bem sei que ao longos das últimas décadas num desnorte completo, tal embarcação sem rumo que navega ao sabor das marés, os sucessivos responsáveis pela pasta da educação realizaram sucedâneos de experiências pedagógicas mais ou menos bem sucedidas no estrangeiro e que teimaram em aplicar a uma realidade nacional que, tal balão de ensaio, andou a (de)formar alunos e a contribuir para os lugares de (des)prestígio que ocupamos nos relatórios Pisa e OCDE.
A Sra. Ministra não percebeu, ou teima em não entender, que não é com qualquer passe de mágica, ou toque de varinha de condão que, milagrosamente, se vão curar décadas de má gestão, incúria, reformas desastrosas – que ninguém teve a coragem política de travar, cedendo aos mais diversos lobbies que cercam a educação.
A educação em Portugal é uma manta de retalhos presa por fio pardo!
E de repente vem-me à memória uma tirada do douto colega - sentado à direita da Ministra, tal filho pródigo, no tão apalavrado debate (debate!!?? deixem-me rir!) dos Prós e Prós (é que os Contra estavam a vestir-se!) - o Sr. Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária das Taipas que afirmou exercer o cargo há dez anos e já ter conhecido sete ministros. Sim, sete!
Em suma: as escolas, os professores, os alunos e as famílias não mudaram, os dirigentes das escolas também não …. Agora sete ministros e outras tantas políticas (des)educativas numa década. Palavras para quê!
Desafio-o, caro leitor, a encontrar a anomalia.
E pergunto: não tenho todo o direito de estar zangada!?

Inspectora Geral

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Mais papista que o Papa

Ainda no "Prós e Contras" de ontem, foi dito algo de surpeendente pelo Dr. José Augusto Ferreira Araújo, Presidente do Conselho Executivo da Escola das Taipas. Para além do papelaço que fez de apoio à Ministra (está quase Vereador, hein Dr.?), disse ele que a sua escola e mais cerca de 20 foram, recentemente, sujeitas a uma avaliação externa, "rigorosamente independente" do Ministério da Educação, realizada por uma equipa de professores universitários.
Tenho dúvidas que se possa designar esta avaliação de "externa", mais não fosse, porque quem a realizou foi um "grupo de trabalho" criado pelo ME (Despacho-conjunto nº 370/2006).
Mas dizer que foi uma avaliação "independente", cuidado. Independente de quê e de quem?
Do Ministério da Educação? Vá lá Dr. Augusto, respeite-nos mais um bocadito.
A independência funciona com as mesmas regras da gravidez: ou se está ou não se está.
A equipa de avaliadores foi constiutída pelo M.E.;
Foi paga pelo M.E. (nº 3 do referido Despacho-conjunto);
Foi apoiada pelos serviços do M.E. (nº6), sedeado na Direcção Regional de Educação do Norte, que supria as despesas de funcionamento (nº7) e, de acordo com a informação que o Dr. Augusto deu durante o programa, a equipa "independente" já entregou o relatório à Ministra para aprovação.
Vá Augusto, talvez uma avaliação quasi-externa e ligeiramente independente, não?
Reitor

Não convenceu

Inchada como um balão, luzidia como só os governantes, a Ministra da Educação apresentou-se no “Prós e Contras” para dizer aos portugueses três coisas: que as escolas têm autonomia para fazer o que não sabe fazer bem, autonomia para gerir todos os assuntos problemáticos e sem solução à vista e que terá pulso firme com os professores. É com estes que fará a sua principal "batalha".
Perdeu a cabeça com uma Avelãs em excelente forma, muito assertivo e que “de caminho” lhe deu uma lição sobre moderação, pertinência e acerto.

Há uma nova matriz para a educação em Portugal que nos faça sair dos lugares do fundo das estatísticas europeias, lançou a jornalista Fátima Ferreira?
Todos os participantes foram unânimes: Sim, mas, talvez, um pouco…
Nenhum disse que não há nenhuma nova matriz na educação, muito menos para a melhoria.
Exemplo: nada se fez ainda para combater as ideias guterristas de um ensino em que nenhum jovem deve reprovar, em que não se ensina nem aprende (os professores são moderadores e os alunos adquirem competências); o Inglês, as Ciências, a História, a Físico-química têm menos tempo dedicado que as áreas curriculares não disciplinares (o eduquês no seu melhor) de Estudo Acompanhado, Área de Projecto e Formação Cívica, no ensino Básico.

Um dos presentes – o Presidente de uma escola emTaipas, Guimarães, muito bem aperaltado, diga-se, estava com ar ligeiramente comprometido, como que a querer manter ou aceder ao olimpo, não educativo, mas político: porque esta equipa ministerial fez o que nenhuma outra havia feito em 10 anos; porque havia reuniões com os Conselhos Executivos; que havia acção…Upa. E no final ainda lançou umas excelentes bicadas aos sindicatos. Grande ajuda política ao governo. Ganhou o dia.

O político da oposição foi fraco e muito teórico…Esteve completamente a leste e levou uma ensinadela da Ministra. Mal escolhido.

A Ministra perdeu-se claramente com o Avelãs, um “calmo”, mas disse uma coisa muito importante: que não queria mais reformas. Que se iniciou uma em 2001, no ensino Básico e outra em 2004, no Ensino Secundário e que não estava em condições de fazer qualquer outra reforma per ora. Aleluia.
O Estatuto da Carreira Docente vai dar muito eu falar...
Reitor

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Avaliar ou não avaliar: eis a questão


A defesa da ideia, peregrina, de um processo de avaliação dos professores pelos pais tem assentado quase que exclusivamente em falácias e demagogias.
Ab ovo é falsa a ideia de que os pais não avaliam os professores.
A ideia de que a avaliação deve, de algum modo, influir, infimamente que seja, na progressão da carreira dos docentes é perigosa e não vem contribuir em nada para a melhoria do sistema educacional do país. Aliás, tal melhoria, creio, é um desiderato de todos e não só do Ministério da Educação e certos sectores neoliberais como se tem pretendido fazer crer ao apontar a legítima oposição dos professores a tal sistema como constituindo uma força de bloqueio contra o progresso. Enfim…

De facto, no sistema actual, os pais já participam na vida da escola enquanto parte das associações de pais, nos contactos que estabelecem com esta, prioritariamente através do director de turma, e nas diversas reuniões que, ao longo do ano, vão ocorrendo. E esta participação tem servido, informal ou formalmente, para os encarregados de educação avaliarem professores. E não nos esqueçamos do, quantas vezes excessivo, recurso às classificações atribuídas ao seu educando em que se tecem, amiúde, considerações injustas sobre a actuação dos professores. Mas adiante…

Se ninguém pretende num estado democrático retirar legitimidade à participação dos pais na educação dos seus filhos convém, no entanto, não esquecer que o regime de contratualização dos professores não é, mesmo indirectamente, estabelecido com os pais dos alunos mas sim com a escola. Dito de outro modo, compete à escola enquanto “entidade patronal” avaliar o desempenho dos seus empregados e, em última análise, retirar daí consequências com implicações no reconhecimento de mérito, de promoção de carreira, etc., etc.
Os pais, querendo, e levando este raciocínio ao extremo, podem mudar os filhos de escola, isto é, podem deixar de ser clientes da mesma.
Isto não quer dizer que a escola não encontre meios de medir o seu prestígio, de abalizar a sua acção, junto da comunidade que serve. Agora, desincumbir-se, ainda que parcialmente, de uma das suas obrigações – ser ela a avaliar os seus - é que não.

Depois dever-se-á considerar que um professor ao cumprir as obrigações que a escola lhe impõe, poderá não satisfazer os desejos dos pais ou, pelo menos, de grande parte deles. Com efeito a escola confia ao professor grupos mais ou menos numerosos de alunos solicitando-lhe que reparta a sua atenção por todos e por cada um em particular. A heterogeneidade do grupo assim o impõe. Ao responder a esta imposição da sua entidade patronal o docente não corresponderá particularmente aos desejos de cada pai para quem é expectável que o seu educando mereça a melhor atenção do professor. Numa turma de 28 alunos teremos 28 horizontes de expectativa diferentes sendo materialmente impossível o professor satisfazê-los a todos. E nem sequer poderemos acusar os pais de egoísmo ou de falta de razoabilidade. É humano que cada pai considere que o seu rebento é sempre um caso diferente dos outros, para não dizer especial. Por este ponto de vista o docente em relação a vários dos seus alunos, segundo o ponto de vista dos pais e de alguns alunos, nunca cumprirá cabalmente os objectivos. Imagine-se o grau de injustiça, ainda que relativa, que tal vem introduzir no sistema de avaliação do docente por parte dos pais. Injustiça, ainda que relativa, é sempre injustiça.
A relação de um professor com os pais dos seus alunos não é a mesma que a de um sapateiro com o seu cliente.

Isto já para não falar do caso de um professor que disciplinarmente procura ser cumpridor. Imagine-se o que pensará este no momento de expulsar um aluno de uma aula: - Mais um “cliente” descontente. Qual o professor que se sentirá inteiramente livre para usar desta prerrogativa sabendo que, mesmo com a razão do seu lado, poderá incorrer na sanha dos “clientes”? Mesmo que digam que a avaliação dos pais só será considerada num ou até determinado nível, a verdade é que ninguém será inteiramente livre para se expor a arrostar com o estigma de uma desagradável avaliação negativa por parte de um pai.
E ainda leva por tabela por parte da direcção da escola por não actuar quando deveria, por compactuar com a própria perda de autoridade. Ser avaliado por “ter gato e por não ter” não abona nada a favor de tal sistema.

Os professores devem ser avaliados. As escolas devem ter em conta a opinião dos pais sobre ela mesma, deve respeitar o direito inalienável dos pais em reclamar quando os seus, vários, direitos são postos em causa. Também os pais devem ser exigentes na qualidade do serviço que exigem às escolas. No limite até se aceita que um mau professor possa ser impedido de leccionar. O sistema de ensino deve encontrar meios de avaliação objectivos, regulares e transparentes para os seus agentes exercidos pela direcção da escola, por serviços como a inspecção ou até de outros claramente definidos. Deixar tal matéria ao sabor dos humores de quem tem interesse próprio, isso é que não.

Acresce, ainda, que não é pelo facto de a maioria dos pais terem, alguma vez, frequentado a escola que tal lhes dá automaticamente competência para julgar os professores. Mas a quem interessa isso? Apetece cantar: “Demagogia, feita à maneira, é como queijo numa ratoeira…”


Director-geral

sábado, 16 de setembro de 2006

Os pais também avaliam


Sendo necessária e urgente a avaliação dos professores, torna-se necessário saber quem avalia.
O Ministério da Educação quer que sejam avaliados por três entidades: os seus pares - coordenador ou conselho de docentes da escola / agrupamento onde exerce funções; a direcção executiva e os pais e encarregados de educação.
Relativamente aos pares, parece-me óbvio que aqueles que exercem directamente funções de gestão de recursos humanos – directores, coordenadores, chefes - deverão ter uma palavra a dizer no que tange ao trabalho do docente à sua responsabilidade. Devem ser assegurados dois limites: que o (s) docente (s) avaliador (es) detenha (m), por mérito ou funções, estatuto de maior responsabilidade que o avaliado (princípio da legitimidade/autoridade) e que o exercício da função de avaliador seja independente dos resultados da avaliação. O avaliador não deve retirar benefício nem sofrer prejuízo (directo ou indirecto) da avaliação que fizer para que fique assegurado o princípio da isenção.
Naturalmente, a Direcção Executiva deverá ter a palavra mais importante (e final, antes de recurso) neste processo, não só porque é responsável pela gestão da escola, inclusive dos recursos humanos, como porque é o órgão que detém a máxima autoridade/legitimidade formal, no interior da organização. Para além de que conhece o trabalho do docente em várias dimensões, algumas das quais desconhecidas dos seus pares.
O papel dos pais e encarregados de educação na avaliação dos docentes deve ser indirecto e ter finalidades diferentes das que têm os anteriores actores, ao contrário do que prevê o ME. Ou seja aos pais, tal como hoje, não pode ser negado o direito de emitirem uma opinião ou juízo sobre a qualidade do trabalho e o relacionamento que qualquer docente desenvolveu ou estabeleceu com o seu educando (avaliação).
Ao contrário do que propõe o ME esta avaliação feita pelos pais não pode interferir na progressão, nem promoção, nem no vínculo contratual de nenhum docente, sob pena de se estabelecer um conjunto de interesses, quer por parte dos pais quer por parte dos docentes que inquinaria, irremediavelmente, todo o processo de avaliação.
Mas, se não concordo que a avaliação dos pais interfira na progressão, promoção ou vínculo do docente avaliado, já me parece pacífico que deva interferir, directamente, com o exercício de funções do docente. Ou seja, as opiniões/juízos dos pais devem ser tidos em conta pela direcção executiva na distribuição de serviço do docente e na capacidade para exercer ou não cargos de gestão intermédia.
A avaliação dos pares e da direcção da escola teria implicações na promoção, no vínculo e no exercício de funções; a avaliação pelos pais só poderia ter implicações neste último.
Reitor

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Avaliem-se pois


A avaliação dos professores é um assunto actualíssimo na agenda educativa e, brevemente, centro da agenda política.
O Ministério da Educação quer.
Os sindicatos, nem pensar. Aliás, com a redução do ordenado prevista no novo estatuto, os sindicatos até já nem falam em avaliação.
Os professores mais antigos estão calados, como sempre (pensam que já não é para eles).
E os mais novos não aceitam qualquer avaliação que os possa vir a diferenciar com base no mérito (pode não chegar para todos…).
No entanto, a avaliação dos professores é inevitável e, obviamente, necessária para credibilizar a educação e o próprio corpo docente.
É fácil percebermos que nem todos os professores têm a mesma qualidade; nem todos ensinam bem; nem todos se esforçam do mesmo modo; nem todos têm a mesma capacidade para ensinar e para obter bons resultados - escolares e educativos . Afinal, os professores são seres humanos (embora às vezes pareça que são sobre-humanos), como tal, são diferentes uns dos outros. Diferentes em tudo o que um ser humano pode ser diferente de outro.
Se assim é, porque há-de tratá-los o Estado - essa entidade difusa que sabe sempre o que é melhor para os cidadãos que eles próprios - como se fossem iguais?
Os mesmos salários, as mesmas regalias, os mesmos deveres, os mesmos direitos, as mesmas compensações. Mas, como se os professores são diferentes? Mas, como se o seu trabalho é desigual na quantidade e na qualidade?
Não pode tardar mais a avaliação séria e consequente dos professores, como aliás de toda a administração pública.
Avaliação que discrimine; que distinga; que premeie os bons e responsabilize ($) aqueles cujo trabalho é, digamos, "satifaz pouco".

Reitor

sábado, 2 de setembro de 2006

Impostura


Dos 96 mil e quinhentos alunos do 9º Ano, 19 mil (19,3%) chumbaram em 2004/2005. Mais 7,4% que em 2003/2004.
Foi a pior taxa de reprovação dos últimos 9 anos. E em 2006 será pior.
Diz a Ministra da Educação que estas 19.000 raposas se devem aos exames nacionais.
Os péssimos resultados dos alunos nos exames nacionais vieram mostrar que a qualidade das aprendizagens, é insuficiente, diz a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues, no artigo de opinião de ontem no DN.
a melhoria dos resultados passa por mudanças nas nossas escolas, optimizando a capacidade técnica e de inovação dos professores e de outros profissionais da educação, defende a ministra, no artigo de opinião
E, para se melhorar a qualidade das aprendizagens, devemos melhorar as escolas e os professores.

Ou seja e expurgando o eduquês:
1 – As reprovações devem-se aos maus resultados dos alunos nos exames nacionais;
2 – Os alunos tiveram maus resultados, coitados [digo eu], porque as aprendizagens que realizaram ao longo do ciclo foram insuficientes;
3 – As aprendizagens dos alunos podem melhorar se melhorarmos as escolas e os professores.
Et voilà.

A incompetência, tal como a embriaguês, tem a particularidade de nunca se confessar, digo eu.

É caso para perguntar á Sra. Ministra.
Mas então, os professores e as escolas mudaram de 2003/2004 para 2004/2005 ou eram os mesmos? NÃO. O professores e as escolas eram os mesmos e as taxas de reprovação eram baixas.
E os actuais Ministra e Secretários de Estado – Valter “Reprovado por Faltas” Lemos e Jorge“Sinistro” Pedreira - eram os mesmos em 2003/2004, quando as taxas de reprovação ainda eram baixas? NÃO. No tempo em que as taxas eram baixas a equipa ministerial era outra.
Ah bom!

Sendo assim, talvez, repito, talvez, possamos tirar uma conclusão diferente da que tirou a Sra. Ministra:
De 2003/2004 para 2004/2005 pioraram os resultados escolares dos alunos do 3º ciclo, em linha, aliás, com o nivel, a qualidade e a competência dos governantes responsáveis pela educação, considerando o mesmo período.

A incompetência sempre marchou de mãos dadas com o atrevimento.
Reitor

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

A mãe de todas as asneiras

A DGIDC – Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular é uma espécie de galinha poedeira do eduquês.
É a Isthar daquela babilónia designada por Ministério da Educação, em cujo ventre têm medrado todas as fantasiosas e rousseaunianas teses educativas que, desde pelo menos a revolução dos cravos, têm colocado Portugal e os portugueses nos últimos lugares de qualquer ranking dos conhecimentos e das performances educativas dos povos europeus e de outras regiões do mundo. Ficámos sempre em posição desonrosa. Voilá.
A DGIDC tem sido (tem mudado de nome ao longo dos tempos) a mãe de quase todos os males da educação dos portugueses e, pelo que se tem escrito, imbatível e inexpugnável, no confronto com todos os ministros do pós-25 de Abril.
Agora pariu mais uma poia educativa com o pomposo nome de Orientações relativas à Área de Projecto – cursos científico-humanísticos – e ao Projecto Tecnológico – cursos tecnológicos.
Um chorrilho de asneiras. Eis algumas pérolas:
A partir de uma concepção flexível de currículo, a ideia de projecto justifica-se como forma de trabalho cooperativo e interdisciplinar, incorporando nas estruturas curriculares a lógica da construção do currículo, mormente quando o projecto formativo é equacionado como um processo de deliberação decidido a diferentes níveis e fases, e não unicamente como um plano ou produto deixado nas mãos dos especialistas.
A concepção do currículo como processo e hipótese de trabalho em que o aluno é o seu sujeito principal, a concepção do processo de planificação como actividade flexível, interactiva e dinâmica e a concepção do projecto curricular articulado com outros projectos são alguns dos traços, que orientam a acção do professor num contexto de autonomia curricular e que pressupõem a leitura da própria realidade, a identificação de problemas e necessidades e o reconhecimento da utilidade dos projectos e planos de actuação( pp.6-7).
Com efeito, é essencial promover uma educação que confronte os alunos com a necessidade de compreender e agir no seio de múltiplas realidades dinâmicas e complexas, logo de difícil captação e compreensão. p.8

Compreenderam? Ou é de difícil captação e compreensão?
Arre!
Reitor

sábado, 26 de agosto de 2006

Perguntem-lhes pela liberdade

Aproxima-se a passos largos um novo ano escolar.
Já não há papelaria, livraria nem supermercado que não exibam uma imensa panóplia de material escolar. Agarram as crianças, manuseiam os adultos, tiram, põem, remexem... enfim, a oferta é tanta que se traz sempre alguma coisa para casa, normalmente de que não se precisa ou de fraca qualidade. É o consumismo estúpido...
Não demora nada aparecem na TV os entendidos na matéria a perorar sobre os custos da educação (enormes) e sobre a sua cada vez mais vincada natureza comercial, um autêntico negócio (excelente, pelo que se vê).
Daqui por quinze dias aparecerão os políticos. Será um momento decisivo e particularmente importante: todas as nossas dúvidas serão esclarecidas e todos os problemas resolvidos, de imediato, porque a seguir virão as chuvas...
Quando o inefável Secretário de Estado da Educação, o das faltas injustificadas, aparecer na TV dirá, inevitavelmente e após torcer bem, três coisas: que o ano lectivo arrancará com normalidade, que estarão colocados 99,9% dos professores e que, pela primeira vez 99,9% dos alunos terão uma escola a tempo inteiro. Aceitam-se apostas.
Por favor, senhores jornalistas, quando houver uma pequenina aberta entre as pingas da chuva discursiva, perguntem ao Secretário de Estado, ou à Ministra, se os cidadãos portugueses, pelo menos aqueles que vivem no estado de direito democrático, já poderão escolher a escola para os seus filhos. Obrigado.
Reitor