quinta-feira, 13 de março de 2008

Liberdade e Responsabilidade

Diz a ministra que os professores não querem ser avaliados. Provavelmente tem razão a senhora ministra. Mas os professores apenas se limitam a fazer seus os princípios básicos do ministério. Durante quantos anos o ministério tentou que não fossem conhecidos os dados que permitem elaborar os rankings? E , por acaso, deixa Maria de Lurdes Rodrigues que os pais avaliem as escolas? Quando digo avaliar não falo de preencher fichas ou dar notas a professores. Falo da única forma que conheço de avaliação dum serviço: termos a liberdade de o trocar por outro. O critério da escolha das famílias – instituindo o cheque ensino e dando liberdade às escolas públicas para se organizarem consoante as necessidades daqueles que as procuram – é a única forma de se poder avaliar o trabalho duma escola e dos seus professores.

Neste pertinente texto de Helena Matos, publicado no Jornal Público e que fui roubar ao Blasfémias, estão sintetizados de forma brilhante todos os problemas que marcaram a escola / educação desde o 25 de Abril e que são os factores do seu atraso:

1 - A inexistência de avaliação dos professores. Durante estes anos, bastou esperar que o calendário passasse para sabermos quando e como iriam ser avaliados os professores. Não por culpa destes, mas por culpa de um Estado gordo, pesado, irresponsável, perdulário, paternalista e incapaz de cuidar das funções básicas da segurança, justiça saúde equidade fiscal. Muito menos da educação dos portugueses.
2 - Um Estado que, em vez de se preocupar com a educação de todos os portugueses, está preocupado com as escolas públicas portuguesas, numa clara inversão dos papéis que lhe cabem.
3 - Um Estado que se diz democrático e que é incapaz de oferecer aos portugueses a possibilidade de escolher a escola para os seus filhos, o médico para lhes tratar da saúde e um tribunal para os julgar.
4 - Um Estado que odeia, combate e esconde a concorrência e a competitividade, não vá haver quem eduque melhor e mais barato que ele.
Reitor

3 comentários:

  1. Ó Sr. Reitor

    Tão longe vai a febre da "livre escolha", como se escolher livremente não fosse por si só uma utopia, que até os tribunais poderiam ser escolhidos?
    Realmente dava jeito: o que tivesse melhores juízes, os mais porreiros, os que oferecessem penas mais leves de acordo com o que cada um pudesse gastar, o mais perto de casa para não dar grande transtorno ao criminoso, os que tivessem spa, etc. "Porreiro, pá!"

    Já não precisamos de revoluções para derreter o Estado (em menos de seis meses). Precisamos é de vencê-lo pela subversão. Isso sim.
    Director-geral

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  2. Bons olhos te leiam. Por onde tens andado?
    Essa dos 6 meses é uma bicada no Meneses, essa espécie de alien, de Vitalino Canas em ré menor ou de Augusto Santos Silva do tempo actual, que infectará primeiro o PSD e, se tiver tempo, toda a política.
    Quanto aos tribunias, o teu argumento é simples mas demasiado "ideológico".
    Pensa nisto: tivesse o cidadão comum acesso à informação judicial mínima num Estado de Direito (prestação de contas por todos os serviços públicos)e saber-se-ia qual o tempo médio de espera para se aplicar a justiça nos vários casos que demandam so tribunais. Se preciso de um serviço de justiça, porque não hei-de escolher aquele que, do meu ponto de vista, a presta melhor? Porque é que há-de ser o Estado a escolher por mim? Nota: melhor não quer dizer juízo ou acórdão mais ou menos favorável. Essa é uma decisão do ou dos juízes. Melhor significa mais célere e mais barato pois, presumo, que a qualidade do juízo não depende do tribunal que o profere.

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  3. Eu, parafraseando o inenarrável Santana Lopes, tenho andado por aí, ou melhor, com estes que a terra me há-de comer, vou tentando ver o que se passa no mar e na marinha.
    O alien Meneses é bem melhor que o Canas ou o Santos Silva. Usando a imagem da música, o Meneses será um "malhão" (atente-se na letra) em dó maior, obviamente, ao passo que os outros não passarão de um requiem (Requiescat in pace) cacófano.
    Quanto aos tribunais, caro reitor, uma outra analogia: em matéria de casos de tribunal não há discos gravados, i.e., cada caso é um caso e as bandas tocam sempre ao vivo. Assim, as comparações baseadas em estatísticas, de que os neo-liberais tanto gostam, não fazem sentido quando se compara uma acção cível a outar acção cível, quando se compara uma acção de processo crime com outa cível, uma providência cautelar com um processo de falência. Uma comparação de tribunais também não é séria. Não se pode comparar a terceira vara de Lisboa com o Tribunal de Fornos Algodres com casos de pilha galinhas.
    Se uma justiça privatizada não existe em lado nenhum (nem mesmo nos USA!) também não faz sentido nenhum o cidadão escolher os seus tribunais sejam quais forem os seus interesses. Vejamos o absurdo: um cidadão move uma acção contra outro e escolhe o tribunal; este último, por sua vez, que se presumido inocente até prova em contrário, tendo tantos direitos como o primeiro decide que quer um outro tribunal. Havendo que dirimir nomear-se-ia um arbitral cuja decisão seria passível de recurso, etc, etc.
    Enfim...

    Director-geral

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