segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sucesso Educativo à Força

Paulo Guinote brinda-nos, no Umbigo, mais uma vez, com um fino texto em que põe a nu a ideologia do "sucesso educativo à força", ainda recentemente defendida pela Ministra da Educação.

Reparemos como a lógica explícita desta perspectiva é a de que, se obriga os alunos a irem à escola, o Estado deve garantir-lhes o sucesso...
O que falha aqui, de forma inapelável e que a história dos últimos 20 anos de progressão lenta dos ganhos demonstra à saciedade, é que isentando os beneficiários desse sucesso do ónus da prova, os mesmos muitas vezes optam por se acomodar ao situação de mínimo esforço. Porque se o Estado obriga, também fornece um serviço - universal e gratuito - que deve ser prezado e aproveitado. Porque não se percebe como, ainda hoje, se tentam culpar os professores pelos custos do insucesso, inocentando todos os outros envolvidos no problema.
Só que a principal lição a retirar do PIPSE e do PEPT cavaquistas, assim como da corrente da Pedagogia do Sucesso que atravessou os anos 90 e desagua entre nós sempre, deveria ser a de que se optamos por centrar o sistema educativo e a pedagogia nos alunos e nos seus interesses - e nem vou por aqui contestar isso - não se compreende que depois não se centre igualmente neles a necessidade de demonstrarem o seu mérito e merecimento quanto ao alcançar desse sucesso.
Porque, e isto para mim é básico, uma coisa é criar os alicerces de uma igualdade de oportunidades, outra é querer impor uma igualdade de resultados.

Eu acredito que o sucesso escolar depende, em primeira medida, antes de mais e antes de tudo, dos alunos. E o insucesso também.
No entanto, o Estado português, não os professores, tem uma quota parte de responsabilidade no insucesso escolar. E dessa quota parte da responsabilidade do Estado podemos isentar os alunos.
O Estado português oprime as famílias portugueses, obrigando-as a matricular os filhos nas escolas que não querem. É à "ditadura do número da porta", de que nos fala o Prof. Pedro Picoito, que podemos imputar responsabilidades por parte do insucesso escolar dos alunos.
Enquanto não for possível aos pais escolherem livremente a escola para os seus filhos, a escola pública para já, teremos de isentar os alunos de parte do ónus da prova do insucesso escolar. E transferi-la para o Estado.
Reitor

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