quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

"10 Mitos sobre a avaliação de desempenho docente"

Ei-los:
Mito 1 - É um processo muito ágil e pouco burocrático.
NÃO, antes pelo contrário. Os professores avaliados, ao contrário do que se passa em todas as organizações, intervêm no processo não só na definição dos seus objectivos individuais e na auto-avaliação, mas também na constituição, organização e actualização de um portefólio; na preparação de aulas assistidas (este ano dois planos de aula); na recolha e organização de evidências que “provem” a sua participação em projectos e actividades, o relacionamento com a comunidade; a participação nos órgãos e estruturas; a realização de formação contínua, etc, etc. E o Director da escola terá um trabalho imenso: entrevistas, discussão de objectivos, recolha de dados, preenchimento das fichas e avaliação propriamente dita. TUDO PARA NADA.

Mito 2 - A avaliação facilita o trabalho dos professores e a realização das aulas.
NÃO, antes pelo contrário. Os professores avaliados, para além do cumprimento do seu horário de trabalho, que existia antes deste processo de ADD, terão de desenvolver um enorme conjunto de tarefas e organizar imensa papelada (Mito 1) que os obrigará a trabalhar para além das 7 horas diárias, o que prejudicará a sua vida privada e profissional. Com efeitos negativos na qualidade do ensino prestado e no relacionamento com os pais e encarregados de educação.

Mito 3 - O modelo de avaliação de desempenho docente é exequível.
NÃO, antes pelo contrário. O modelo de avaliação está a ser aplicado apenas em meia dúzia de escolas do país, naquelas que têm Directores mais adesivos. Dezenas de milhar de professores estão a boicotar o processo negando-se a apresentar objectivos individuais. As medidas tomadas vieram pôr a nu a inexequibilidade do modelo e desmentir os governantes.

Mito 4 - Os professores têm que organizar um portefólio exaustivo e complexo.
SIM e NÃO, antes pelo contrário. Sim, o professor reúne elementos decorrentes do exercício da sua profissão (vide mito 1). A exaustão e complexidade do portefólio dependem do brio do docente. Ao contrário do que afirma o Governo, os professores nunca tiveram de organizar qualquer portefólio de avaliação no passado. Apenas apresentavam um relatório crítico de auto-avaliação.

Mito 5 - As escolas têm que registar o desempenho dos avaliados em instrumentos complexos.
SIM, complexos, impressionantes, incríveis, monstruosos
, conforme pudemos ver nos blogues, perfeitamente alinhados com as inenarráveis fichas aprovadas pelo SE da Educação que, em favor da verdade, não lembram o diabo. Com pena nossa, o Ministério da Edcuação NÃO tem competências técnicas nem recursos humanos capazes de esclarecer seja o que for.

Mito 6 - Os professores avaliam-se uns aos outros.
MAIS ou MENOS. Acontece até de os menos competentes avaliarem os mais competentes, de professores de desenho avaliarem professores de educação física e outras coisas ruins que impressionam quem para elas olha.

Mito 7 - Os professores titulares não são competentes para avaliar.
NEM TODOS. Dos 35 000 professores que o Ministério escolheu administrativamente para exercerem funções de professor titular, muitos são incompetentes e, reconhecidamente junto da comunidade, professores menos capazes que os avaliados.

Mito 8 - Avaliados e avaliadores competem pelas mesmas quotas.
NÃO se sabe ainda muito bem.

Mito 9 - A estruturação na carreira impede os professores de progredir.
SIM, obviamente. Dois terços dos professores estão objectivamente impedidos de progredir aos escalões mais elevados da carreira.

Mito 10 - A avaliação de desempenho é injusta e prejudica os professores.
CLARO que SIM. Este modelo prejudica os professores porque não é rigoroso, não é objectivo, nem trata todos com equidade. Injusto e absurdo porque estando a administração pública infectada com o vírus partidário, óbvio se torna que as quotas de MB e Excelente estarão preenchidas, seguramente, antes de se iniciar o processo de avaliação.
Para mais informações, consultar os blogues que tratam assuntos relativos à Avaliação do Desempenho Docente.

Reitor

1 comentário:

  1. Desidério Murcho faz a Perguntinha no “de rerum natura”

    Parece-me que uma das perguntas mais relevantes no que respeita à avaliação dos professores é a seguinte: com esta ou outra avaliação, ou sem qualquer avaliação, que diferença faz no que respeita à excelência no ensino? Que diferença faz na qualidade do ensino real, que os estudantes realmente recebem na escola?

    E a resposta que me parece plausível é: “Não faz qualquer diferença relevante”.

    Não é com esta ou com outra avaliação que a qualidade do ensino será promovida. Esta avaliação tem por único objectivo poupar dinheiro, vedando o acesso ao topo da carreira à maior parte dos professores. E os protestos dos professores têm como única razão de ser a tolice burocrática e kafkiana que o processo de avaliação envolve.

    O que realmente conta para promover a qualidade do ensino, contudo, não é abordado. Nem os dirigentes educativos nem os professores estão genuinamente comprometidos com a tentativa de melhorar o ensino. Houvesse esse comprometimento, e o debate seria completamente diferente.

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