segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ganhos & Perdas do Famoso Acordo

Ganhos para os sindicatos (professores?)

- Fim da divisão da carreira
- Os professores que obtiverem MB e Excelente na avaliação progridem directamente sem ocupar vagas definidas pelo ME
- Os professores que tiverem BOM poderão chegar ao topo da carreira, embora mais tarde
- Especialização de funções no seio da “carreira única” – supervisão, gestão da formação, desenvolvimento curricular (a mãe de todas as asneiras) e avaliação do desempenho
- Possibilidade de referenciarem a sua avaliação a objectivos individuais
- Avaliação simplex: apenas de um relatório de autoavaliação.
- Acabaram-se as malditas fichas e os malditos itens
- A observação de aulas é feita a pedido
- Os professores relatores (avaliadores) são designados pelos coordenadores
- As “notas” serão dadas por votação dos 5 membros do júri de avaliação
- Não se vislumbra a atribuição de “regular” ou “insuficiente”

Ganhos para a Educação e o País

- Mantém-se a prova de ingresso na carreira
- Fixação anual de quotas para acesso aos 5º e 7º escalões da carreira
- Especialização de funções no seio da “carreira única” – supervisão, gestão da formação, desenvolvimento curricular (a mãe de todas as asneiras) e avaliação do desempenho
- A possibilidade de os professores referenciarem a sua avaliação a objectivos individuais, desafiá-los-á a maiores desafios educativos e escolares, beneficiando os alunos
- Acabou-se com a avaliação dos resultados escolares e com a avaliação da “relação com a comunidade” (aparentemente) – desnecessários focos de conflito e diversão
- O modelo de avaliação proposto pela FENPROF foi para o balde do lixo

Ganhos para o Governo

- No final do processo, foi o Governo quem mais ganhou:
- Ganhou um momento de paz
- Conseguiu resolver de um problema que o desgastava diariamente
- Consegui manter de pé a avaliaçaõ de 2007/2009 (os MB e o Excelentes) autêntica inginharia socrática
- Fez passar a imagem de estar verdadeiramente preocupado em arranjar uma solução para o problema

Perdas para os sindicatos (e para os professores?)

- Manutenção da Prova de Ingresso
- Fixação anual de quotas para acesso aos 5º e 7º escalões da carreira
- Avaliações em momentos que não coincidem com a mudança de escalão (de 2 em 2 anos quando a progressão se opera de 4 em 4 anos
- Os BONS professores vão atrasar até 6 anos na progressão e no acesso ao último escalão
- Os professores “relatores” vão passar um mau bocado. Pior ainda que os maus momentos por que passaram os titulares.

Perdas para a educação e o país

- As Avaliações em momentos que não coincidem com a mudança de escalão só acrescentarão trabalho inútil e burocracia ao dia a dia das escolas.
- Consideração da avaliação efectuada nos anos de 2007/2009 (uma anedota) para efeitos de progressão na carreira
- Os profs vão ser avaliados por colegas com base em papéis, no relatório de autoavaliação e em “impressões” e “opiniões”
- A observação de aulas só pode acontecer a pedido dos professores
- Os Directores das Escolas deixam de poder avaliar os respectivos professores (excepto os coordenadores), deixando a avaliação de ser um instrumento de gestão de recursos docentes das escolas como defendem os seus mentores
- A designação dos professores relatores pelos coordenadores vai criar vários focos de conflito nas escolas, como se criou com os titulares (estes foi o Governo que os pariu, aqueles serão obra dos coordenadores)
- Classificações atribuídas por um grupo de 5 pessoas com recurso a votação – só falta mesmo ser secreta e haver abstenções…
- Dificilmente se atribuirão classificações de “regular” ou “insuficiente” e as avaliações inferior a MB serão alvo de recurso para o júri especial de recurso. Não poderá ser de outra forma

Perdas para o Governo

- Arrasou-se o ECD, a carreira e a avaliação docente impostos pela Milú e pelo ingº das cortes de gado na Covilhã
- Podem ainda ser arrasadas os principais esteios do modelo de gestão das escolas
- Retrocedeu ao fim de três anos numa política errada e errática que só prejudicou as escolas e o país
- Ficou patente que os portugueses não podem deixar nas mãos daqueles que obtiveram cursos superiores de forma duvidosa a condução da política educativa do país
- Adiou-se por muitos e bons anos a implementação de um modelo e avaliação como deve ser: avalia quem chefia; avalia quem dirige. Mai nada.

Parece que, afinal, ganharam todos qualquer coisita e que também todos perderam.
O Governo não perdeu a face nem perdeu tudo.
Os dinossáuricos sindicalistas ganharam umas migalhas para os professores e um presunto para eles próprios (sentarem-se à mesa com a Ministra é sempre uma prova de vida e de poder). Enquanto estes dinossáurios comandarem os interesses dos professores, estes serão sempre joguetes de interesses político-sindicais.
Se todos tinham a ganhar, coloca-se então a magna questão:

Por que razão andou o Governo tantos meses a bater-se por um insustentável ECD assente numa divisão artificial da carreira docente e um Modelo de Avaliação do desempenho que prejudicou as escolas, os professores e a sociedade portuguesa, enfim, uma Avaliaçaõ que não valiam os guizos de um gato?

A resposta é simples:
Por teimosia e irresponsabilidade de um Primeiro-Ministro que quis tratar dos professores como ele próprio tratou o professô Morais. Viu-se agora que nem ele nem os mastins que colocou ao seu serviço no ME conseguiram vergar os professores.

Reitor

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