terça-feira, 26 de abril de 2011

Um Professor Doutor Da Universidade a Precisar De Ajuda

O senhor professor Nogueira Leite está a ser mimoseado, ao que parece, com uns e-mails carinhosos que circulam entre a "classe dos professores do básico e secundário".  E a coça deve ser tanta que o senhor professor doutor resolveu esclarecer a sua posição sobre a avaliação dos professores.

A negro o que diz o senhor professor doutor; a encarnado alguns comentários que me suscitam as suas palavras:

1) Todos os professores devem ser sujeitos a avaliação.
Todos os professores devem ser sujeitos a avaliação, tal qual são sujeitos todos os magistrado e todos os médicos, só para dar dois exemplos.
2) A avaliação que existia até ao tempo de Maria de Lurdes Rodrigues não era, de facto, nada.
A avaliação que existia até ao tempo de MLR era a que estava prevista na lei e regulamentos, tal como as que passaram a existir durante e após o mandato de MLR. Classificar como "nada" as avaliações previstas nos diplomas legais é passar um atestado de incompetência aos governos que legislaram/regulamentaram sobre esta matéria..
3) Maria de Lurdes Rodrigues tentou moralizar o sistema mas fê-lo através de uma solução pouco eficaz e extremamente burocrática.
Maria de Lurdes Rodrigues tentou moralizar o sistema de avaliação dos professores, só que não tinha, nem ela nem o Governo a que pertencia, moral que pudesse servir de exemplo a qualquer português. Ou, dito de outra forma, Maria de Lurdes Rodrigues e o Governo a que pertencia criaram um modelo de avaliação, não para responsabilizar os professores, não para moralizar e melhorar o sistema de ensino, como apregoavam, mas apenas e só para pouparem os recursos financeiros de que precisavam para obterem votos no futuro, nomeadamente como contrapartida pela oferta indiscriminada de computadores a muitos preguiçosos das novas oportunidades e de subsídios a eito a todos os jovens cujos pais fugiam aos impostos.
4) A praxis dos senhores professores tornou o sistema ainda mais burocrático, lento e passível de produzir injustiças (como qualquer sistema de avaliação pode produzir. Os próprios senhores professores praticam-no regularmente, ainda que sem dolo (em regra)).
A praxis dos "senhores" professores (para quem não percebeu logo, o termo "senhores" serve, nas declarações do senhor professor doutor Nogueira Leite, para menorizar e não para respeitar), serviu para mostrar à saciedade a extrema burocracia do modelo de avaliação, as profundas injustiças que geraria e, no fundo, no fundo, serviu para comprovar a sua inexequibilidade.
(A prova de que o senhor Prof. Dr. Nogueira não percebe nada do que está a dizer, é trazida pelo próprio que se dá ao luxo de comparar o sistema de avaliação dos alunos com o sistema de avaliação dos professores!
5) A oposição tinha o direito de suspender a aplicação do actual sistema; mas
6) ao fazê-lo tinha a obrigação de propor outro, suprindo as deficiências do que até aí tinha vigorado.
Nestas duas últimas asserções, o professor doutor Nogueira Leite mostra ao povo a razão que o impede de alguma vez poder assumir qualquer pasta da governação: como ainda não percebeu as regras do jogo democrático, também não percebeu que a oposição não governa e que apenas quando for governo e deixar de ser oposição, é que poderá propor modelos de gestão e administração dos funcionários públicos.
Cada macaco no seu galho senhor professor doutor.

Alguém explique ao senhor professor doutor Nogueira Leite que a avaliação dos professores há muito deixou de ser um problema técnico (e que, por conseguinte, não carecerá de soluções tércnicas para ser resolvido) e passou a ser um problema político.

Reitor

3 comentários:

  1. Convinha conhecer-se o modelo de avaliação dos professores do Superior e a carga horária dos mesmos, porque só assim podíamos entender a independência dos juízos.

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  2. 1) Discordo. Cada emprego deve ser avaliada de forma diferente (pois são diferentes). Se for o facto de um sector ter uma avaliação de menor qualidade deve-se fazer todas com menor qualidade? Ou então são todas apenas e unicamente ao mesmo tempo? Os próprios professores deveriam ser os primeiros a propor um sistema de avaliação equilibrado, mesmo sendo diferentes de outros sectores (como de rsto já vi aqui neste blog)
    2) Sim, foram incompetentes... a existência de leis não implica que elas sejam feitas de forma incompetente. Dessa forma também as avaliações de MLR não podem ser classificadas como nada pois estavam previstas em diplomas legais. Ou MLR já pode ser atestada de incompetente e os anteriores não?

    Com o resto concordo... MLR tentou fazer algo que havia consenso na sociedade que era preciso mas com os fins diferentes do meio a usar.

    (e é o parlamento que faz e aprova as leis, e não o apenas governo. mesmo que essas regulem modelos de gestão e administração dos funcionários públicos. Se não fosse assim não era na assembleia que era discutida e aprovada os modelos, mas apenas no governo)

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  3. Ora tenha dó, Reitor! (Os reitores não foram todos saneados com o 25 de Abril?!)

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