terça-feira, 31 de maio de 2011

A Velha Cegueira Da Esquerda Ou o Velho Interesse Do Funcionário Público

Todos sabemos que a melhor forma de desvalorizar a política e os políticos é colocar todos (as) ao mesmo nível: os políticos e as suas políticas são todos iguais.
É o exercício que o professor Guinote faz neste confuso postezeco: coloca os políticos e as políticas do PS e do PSD ao mesmo nível e diaboliza-as de tal forma que ficamos com a sensação, hélas, que o partido ideal para governar a Educação não era o PS nem o PSD, era sim o PsG, o Partido do stôr Guinote. Com ele, seria por baixo e por cima até à nacionalização total. Sim, sim, nacionalização também dos professores e das professoras.
Diz o stôr, com a mesma liberdade, desprendimento e factualidade com com que o candidato José Sócrates nos fala pelas televisões:
"...PS e PSD estão de acordo na deslocação da gestão de quase tudo o que envolve dinheiro na Educação do domínio público directo para entidades externas ao Estado ou, no mínimo, híbridas" 
"O objectivo do PSD – não desprezando o anterior – é colocar muitos dos milhões do orçamento do ME à disposição da iniciativa privada"
Faltou explicar o que entende o stôr por "quase tudo". Será que as professoras também serão libertadas do pai-estado, transitando para os braços das entidades externas?
Afinal, quantos milhões vai o PSD colocar nas mãos dos privados para além dos que foram colocados pelos chuchalistas? Muitos! Ah!
E depois segue por ali abaixo, bolsando demagogia (No fundo, nas escolas, os professores são o último reduto de resistência contra a privatização quase total da Educação num projecto partilhado por PS e PSD ) e defendendo para os professores um papel e uma acção na escola que apenas tiveram nos dias que se seguiram ao 25 de Abril, de má memória para as escolas e os portugueses. Um papel muito parecido com o do padre na sua paróquia: tal como o padre governa a paróquia, guia o rebanho de crentes, cuida dos bens materiais e imateriais da igreja, dá o Senhor e ainda tem preferência na escolha da posição em que reza, os professores deveriam geriras escolas, dispôr dos professores, dos funcionários e do orçamento; decidir o que ensinar, como ensinar e como avaliar. De preferência sem haver direito a reclamação. Enfim, nas escolas os professores deveriam decidir do quando, do como e do quê, sob pena de os reduzir, tadinhos,
"... aos de simples executores e eliminar a sua capacidade de decisores"
Não era necessário tanta fumaça.
No final do período, do ano lectivo, do ciclo de estudos ou no final do mandato do Governo, se algo corresse mal, se não se atingissem os objectivos (que também seriam definidos pelos professores, obviamente), se o orçamento não chegasse, se os resultados escolares não surgissem, nesses casos o povo e os contribuintes pediriam responsabilidades... ao Estado, naturalmente, que os professores têm casa para pagar e família para cuidar.

É esta a linha ideológica que nos trouxe até aqui e que levou a que construissemos um Estado imenso, um Estado decisor, fazedor, fiscalizador e julgador no qual se torna tarefa impossível atribuir responsabilidades a alguém.
É este o velho interesse que há décadas guia a jovem democracia portuguesa: dos benefícios usufruem os que podem e os que sabem; dos prejuízos cuidamos todos.

Os que beneficiam querem mais Estado, obviamente.

Vota P.s.G.

Reitor

2 comentários:

  1. Um bocado torcido... e torcedor!

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  2. Há que tempos que os professores são meros aplicadores de decisões externas ! E se isso não tem de ser necessariamente mau, o problema é quando se lhes começam a retirar a própria autoridade docente ao nível da sala de aula. Ou a submete-los a experiências de avaliação indignas e bizarras, que desperdiçam recursos e energias para educar e desgastam ainda mais a sua dignidade profissional !

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